sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Mulher Guerreira por: Sandra Lima

Dica de Leitura

Entre os títulos estão 'Mulher – A Conquista da liberdade e do Prazer que reflete sobre o papel feminino nas últimas décadas e mostra que um projeto futuro de felicidade é possível hoje. Outro, 'O que Lacan dizia das mulheres',trata psicanaliticamente o papel da mãe e da depressão.

As conquistas das mulheres, a construção da identidade da mulher contemporânea e as particularidades femininas na História são estudadas pelas obras : 'O século XX – a mulher conquista o Brasil'.Mulheres Negras do Brasil' e 'Minha história das Mulheres.

Mulheres Guerreiras na História da medicina

CAMINHOS DA MEDICINA

O MACHISMO NA HISTÓRIA DO ENSINO MÉDICO


A medicina, assim como a carreira militar e a eclesiástica, sempre foram atividades consideradas próprias do sexo masculino.
Embora a Escola de Salerno, na Idade Média, admitisse mulheres no curso médico, houve a partir de então uma dificuldade crescente de acesso às Universidades para o sexo feminino.
Em relação a Medicina, havia ainda o preconceito de que se tratava de uma profissão inadequada à mulher por razões de ordem moral. Quando muito admitia-se a colaboração da mulher no cuidado aos doentes como enfermeira, função exercida durante séculos pelas religiosas de várias ordens (Irmãs de Caridade), ou na assistência às parturientes, como parteiras.
Em 1754, para assombro de toda a Europa, uma alemã, de nome Dorotea Cristina Erxleben, conseguiu o título de Doutor em Medicina na Universidade de Halle, tendo sido a primeira Mulher a receber oficialmente o diploma de médico
Em 1809, nos Estados Unidos, as primeiras estudantes que se matricularam em um Colégio Médico, na Pensilvânia, foram motivo de chacotas, insultos e desrespeito por parte dos estudantes.
Na mesma época, em Edimburgo, na Inglaterra, as primeiras moças que conseguiram matrícula no curso médico foram vaiadas, insultadas e agredidas pelos rapazes. A Reitoria abriu um inquérito administrativo e decidiu pela expulsão das alunas, considerando-as culpadas pelos distúrbios. A imprensa chamou-as de "as sete sem-vergonha" e uma publicação médica, intitulada Escholastic Medical, escreveu a propósito: "nada há tão materialmente inaceitável como uma doutora em medicina. Se há paradoxo possível é a admissão da mulher na arte de curar. Se Deus tivera adivinhado que a mulher se havia de lembrar uma vez de ser doutora em medicina, certamente, não incomodaria o sono de Adão para lhe tirar a costela..."
Em 1812 formou-se em Edimburgo um médico de nome James Barry, que ingressou no serviço médico do exército inglês, tendo trabalhado durante muitos anos como médico militar nas colônias inglesas. Era franzino, imberbe e tinha a voz fina. Com a sua morte, em 1865, descobriu-se que se tratava de mulher disfarçada em homem. Para evitar escândalo foi sepultada como homem e só posteriormente o segredo foi revelado. Seguramente inspirada na lenda de Agnodice, foi a maneira encontrada por essa mulher para atender a sua vocação.
Apesar de todas as dificuldades encontradas, algumas mulheres destemidas conseguiram pouco a pouco vencer todos os preconceitos e todas as barreiras.
Elizabeth Blackwell, ao tentar matricular-se em um curso médico nos Estados Unidos, teve o seu pedido recusado por 11 Faculdades e somente foi aceita pelo "Genova College" hoje "Hobart College", em Nova York. Pela manhã, ao se dirigir às aulas, as outras mulheres se afastavam de seu caminho. Diplomou-se em 1849 e a solenidade de sua formatura atraiu uma multidão de curiosos, que queriam ver a "Doutora". Sua irmã, Emily Blackwell, por sua vez, conseguiu matrícula no "Rusch Medical College", de Chicago, fato que valeu à escola uma censura da Sociedade Médica local.

Elizabeth procurou aperfeiçoar-se nos Hospitais de Paris e de Londres e foi mal recebida, sendo-lhe permitido freqüentar em Paris apenas a Maternidade. De volta aos Estados Unidos, juntamente com sua irmã Emily e outra médica alemã, de nome Marie Zakrzewska, fundaram em Nova York um Hospital para mulheres e crianças pobres, o "New York Infirmary for Women and Children". Este Hospital franqueou suas instalações a todas as médicas que desejassem freqüentá-lo. Neste Hospital foi criada a primeira Escola de Enfermagem dos Estados Unidos e nele se utilizou pela primeira vez nos EE.UU. de um aparelho de raios-X. O trabalho pioneiro das irmãs Blackwell foi mais tarde reconhecido.
A liberalização se deu lentamente e com muita resistência. Em 1850 fundou-se em Philadelphia a primeira escola médica para mulheres, "The Female Medical College of Pensylvania". Os professores desta escola eram mal vistos pelos seus colegas e pelas sociedades médicas da época. Seguiram-se outras escolas semelhantes, em Boston, New York, Baltimore e Cleveland. Aos poucos, aumentava o número de médicas nos EE.UU. Em 1871, um editorial da revista Transactions of the American Medical Association comentava: "Uma outra doença está se tornando epidêmica: a questão feminina na medicina é apenas uma das formas pelas quais a pestis mulieribus atormenta o mundo..."
O exemplo dos EE. UU. foi seguido por outros países. Em 1873 fundava-se em S. Petersburgo, na Rússia, uma escola médica exclusivamente para mulheres, e em 1874 criava-se na Inglaterra a "London School of Medicine for Women".
A Suíça foi o primeiro país europeu a liberar, em 1876, a matrícula em suas escolas médicas para ambos os sexos e logo outros países fizeram o mesmo.
O Brasil passou a permitir o acesso das mulheres aos cursos superiores, inclusive o de medicina, partir de 1879. Apesar das autorizações legais, a tradição cultural e os preconceitos sociais continuavam a opor-se à presença das mulheres na profissão médica.
Em um publicação de1883, intitulada Apontamentos e Comentários sobre a Escola de Medicina Contemporânea, seu autor, que assinava Leandro Malthus, assim se referiu às estudantes do sexo feminino matriculadas no curso médico: "São desertoras do lar. São, finalmente, os inconscientes arautos que nos vêm mostrar os prenúncios funestos da dissolvência da família"

No mesmo ano em que o Brasil abria o curso médico ao sexo feminino, as poucas estudantes que conseguiram matrícula na Faculdade de Medicina de Paris foram duramente maltratadas por seus colegas.
No alvorecer do século XX, mais precisamente em 1905, o Kaiser Guilherme II, da Alemanha, ao ser indagado o que pensava do estudo da medicina pelas mulheres, respondeu com ironia: "a mulher deve ocupar-se exclusivamente dos 3 K: Küche, Kirche e Kinder" (cozinha, igreja e filhos).
No Brasil, a primeira mulher a receber o diploma em medicina foi MARIA AUGUSTA GENEROSA ESTRELA, natural do Rio de Janeiro. Como em nosso país, até 1879, era vedado o estudo de Medicina a moças, dirigiu-se ela aos Estados Unidos em 1875, com apenas 16 anos de idade, tendo concluído o curso em Nova York, em 1881. Retornando ao Brasil em 1882, revalidou o seu diploma na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, passando a exercer a clínica.
A partir de 1879, com a reforma Leôncio de Carvalho, foi autorizada a matrícula de mulheres nas escolas superiores. A autorização legal, entretanto, em nada mudou a situação, em vista dos arraigados preconceitos sociais contra o curso de medicina.
A partir de 1881 registraram-se algumas matrículas de moças nas duas Faculdades de Medicina existentes no País: a do Rio de Janeiro e a da Bahia. As três primeiras mulheres a concluir o curso médico no Brasil foram três gaúchas: RITA LOBATO VELHO LOPES, da cidade do Rio Grande; ERMELINDA LOPES DE VASCONCELOS, natural de Porto Alegre, e ANTONIETA CESAR DIAS, de Pelotas.
As três se matricularam na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, porém RITA LOBATO transferiu-se para a Faculdade de Medicina da Bahia, onde concluiu o curso em 1887. Defendeu tese de doutoramento em 24 de novembro de 1887 versando sobre um estudo comparativo das diferentes técnicas utilizadas à época nas operações cesarianas. ERMELINDA VASCONCELOS formou-se em 1888 e ANTONIETA CESAR DIAS em 1889, ambas no Rio de Janeiro.(A.Silva, 1954).

A primeira médica formada no Brasil, portanto, foi RITA LOBATO VELHO LOPES. A segunda, Dra. ERMELINDA VASCONCELOS, que se dedicou à Obstetrícia e chegou a ter uma grande clínica no Rio de Janeiro. Por ocasião de sua formatura mereceu uma crônica do historiador Silvio Romero, sob o título "Machona", que continha as seguintes palavras: "Esteja certo a doutora que os seus pés de machona não pisarão o meu lar". Tempos depois, a Dra. Ermelinda foi chamada para fazer o parto da mulher de Silvio Romero. Na ocasião mostrou-lhe um recorte de jornal que guardava consigo, com a referida crônica.
No início do século XX, a atenção mundial era despertada para o fato inédito de uma mulher - MARIA SKLODOVSKA CURIE - ter ganho o prêmio Nobel de Física, juntamente com seu marido Pierre Curie. Apesar disso, a Academia de Ciências de Paris recusou-se a admiti-la como membro e só voltou atrás de sua decisão quando Mme. Curie ganhou o prêmio Nobel de Química em 1911. Era assombroso a mesma mulher ganhar duas vezes o prêmio Nobel: desfazia por completo a idéia generalizada da inferioridade da inteligência feminina (O filósofo Schopenhauer havia definido a mulher como um ser de cabelos longos e idéias curtas).
Pouco a pouco os espaços foram sendo conquistados e a medicina deixou de ser privilégio dos homens. Figuras notáveis de médicas e pesquisadoras têm surgido nas últimas décadas. Sete mulheres já foram aquinhoadas com o prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina: Gerty Cori, em 1947, Rosalyn Yallow, em 1977, Barbara McClintock, em 1983, Rita Levi-Montalcini, em 1986, Gertrude B. Elion, em 1995, Linda B. Buck, em 2004.
Um dado expressivo da mudança de mentalidade em nosso País, a respeito desta questão, pode ser colhido no levantamento realizado, entre 1994 e 1996, pelo Conselho Federal de Medicina, em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz, para avaliação da real situação do médico no Brasil.
Dentre 184.708 médicos pesquisados em todo o território nacional, 124.125 (67,2%) eram homens e 60.583 (32,8%) eram mulheres. Quando se considerou a distribuição por sexo e idade, verificou-se que, com idade inferior a 35 anos, havia 50% de cada sexo.


Fontes bibliográficas

Mulheres Guerreiras no Cinema

IZABEL JAGUARIBE


Izabel Jaguaribe nasceu no Rio de Janeiro, em 1968.

É graduada em Comunicação Social pela PUC-RJ.

Com importante trajetória em publicidade, foi diretora de comerciais e de videoclipe, primeiro na Videofilmes – 1991-96; e depois na Conspiração Filmes – 1996-2002.

Izabel Jaguaribe atuou como assistente de direção nas produções: “A Grande Arte” (1991), de Walter Salles; “Mil e Uma” (1996), de Suzana Moraes.

Na televisão, trabalhou na minissérie “Agosto” e co-dirigiu, com Mauro Mendonça Filho, o especial “Memórias de Um Sargento de Milícias” – ambos para a Rede Globo. Dirigiu os documentários “Passageiros” e “Um Dia Qualquer”, para a GNT.

Em 2003, Izabel Jaguaribe estreou como diretora de longa-metragem com o aplaudido “Paulino da Viola – Meu Tempo É hoje”.

O filme focaliza a vida e a obra do compositor e tem participações de nomes como Hermínio Bello de Carvalho, Nelson Sargento, Elton Medeiros, Walter Alfaiate, Zeca Pagodinho, Marisa Monte e Marina Lima.

“Paulinho da Viola – Meu Tempo é Hoje” recebeu o prêmio Margarida de Prata.

Mulheres Guerreiras no Cinema

ROSINA MALBOUISSON
2 de outubro de 1955, *Lisboa, Portugal

Foto: de blusa preta ao lado de Paola Morra em cena de ""As Filhas do Fogo" (1978)
de Walter Hugo Khouri

O cinema nacional abrigou atrizes nascidas em várias partes do mundo. Como a bela Rosina Malbouisson, nascida em Portugal.

Rosina Malbouisson estreou no cinema brasileiro em filmes dos Trapalhões, atuando em sua carreira em três filmes dos comediantes, todos eles dirigidos pelo mestre J.B. Tanko: "Simbad, O Marujo Trapalhão", como Luciana; "O Trapalhão no Planalto dos Macacos", como a Rainha; e em "Os Trapalhões na Serra Pelada". Mas foi seu encontro com Walter Hugo Khouri que a alçou no imaginário adulto no belíssimo "As Filhas do Fogo", em que interpreta Ana, a amiga/amante da personagem Diana, interpretada por Paola Morra. Um dos tantos grandes momentos da filmografia sensacional de Khouri, em "As Filhas do Fogo" ele se envereda pelo sobrenatural e faz um filme impactante. A atriz compõe Ana na medida certa, dando a personagem a intensidade necessária para uma história labirintica e cheia de enigmas.

Em "karina, Objeto de Prazer", do genial cineasta da Boca do Lixo, Jean Garret, Rosina Malbouisson volta a fazer uma parceria feminina de alta temperatura, dessa vez com a bela Angelina Muniz, a personagem título. "karina, Objeto de Prazer" é um filme libertário e feminista no melhor sentido da palavra. Um ótimo filme entre tantos outros realizados por Jean Garret. Outro belo momento é em em "Filhos e Amantes", de Francisco Ramalho Jr.

- "Simbad, O Marujo Trapalhão" (1976), de J.B. Tanko;
- "O Trapalhão no Planalto dos Macacos" (1976), de J.B. Tanko;
- "O Pequeno Polegar Contra o Dragão Vermelho" (1977), de Victor Lima;
- "As Filhas do Fogo" (1978), de Walter Hugo Khouri;
- "Karina, Objeto do Prazer" (1981), de Jean Garret;
- "Filhos e Amantes" (1981), de Francisco Ramalho Jr.;
- "Tessa, A Gata" (1982), de John Herbert;
- "Os Trapalhões na Serra Pelada" (1982), de J.B. Tanko.