quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Por Débora Alcântara

Mulheres-guerreiras unidas contra a violência

Por Débora Alcântara

A força feminina foi o que marcou o lançamento do Território de Paz, realizado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, e o governador Jaques Wagner, ontem (29), no bairro de Tancredo Neves, em Salvador. Trata-se das integrantes do Projeto Mulheres da Paz, capitaneado pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), e no qual atuarão 700 moradoras de comunidades vulneráveis da Região Metropolitana de Salvador (RMS). Trezentas delas, já selecionadas, lotaram o galpão de manobras do Detran, onde aconteceu o evento.

Bárbara Rocha, 19 anos, moradora de Tancredos Neves, um dos bairros com maior índice de criminalidade na capital, é uma das selecionadas para tornar-se “mulher da paz”. Ela aposta na oportunidade que o projeto dará, através de capacitações, para que ela e outras moradoras de seu bairro conheçam melhor os direitos de cidadania. “Assim, eu poderei ajudar os jovens daqui. Muitos deles acabam se envolvendo com o crime por falta de oportunidade. Pelo menos a gente vai poder mostrar outros caminhos”, disse. Bárbara ressalta que o projeto ainda dá uma chance para as mulheres se expressarem e se tornarem protagonistas da história de suas comunidades.

Naiara Santos, 25 anos, que atua há seis anos na Associação Voluntários pela Vida, na comunidade de São Gonçalo, também aderiu o projeto para ampliar os conhecimentos. “Os jovens estão desesperados porque não têm ocupação, não se sentem úteis. Assim eles acabam sendo facilmente apadrinhados pelo tráfico, achando que esse é o caminho mais fácil para uma vida melhor. Queremos mostrar que isso não é verdade, que existem alternativas”, disse. Assim como Bárbara, Naiara também acha que elas serão severas na cobrança das obrigações dos poderes públicos.

“As Mulheres da Paz terão um papel fundamental para combater a violência porque são elas que conhecem melhor os problemas que afetam as suas comunidades. Ninguém melhor que essas mulheres para liderar ações importantes do Território de Paz”, disse o secretário de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), Valmir Assunção.

Missão – De fato, todas elas terão um grande desafio: ajudar na prevenção e enfrentamento às violências que envolvem crianças e jovens em risco social. Para tal missão, essas mulheres serão capacitadas sobre a rede socioassistencial, relações sociais, direitos humanos, cidadania e mediação de conflitos. Elas serão treinadas para serem um dos principais grupos sociais coadjuvantes do Pronasci, que, de forma inédita, vai além das estratégias de controle e repressão. Ele ousa apostar na participação social e na prevenção como caminhos possíveis para a redução da violência no País.

O programa ainda prevê o pagamento de uma bolsa-auxílio no valor de R$ 190 para cada “mulher da paz”, durante um ano. Na Bahia, todas elas também serão assistidas pelas ações de inclusão produtiva da Sedes. A coordenadora do Projeto no Estado, Heloiza Egas, disse que, além de serem incluídas, as mulheres da paz ajudarão a incluir, fomentando o interesse de jovens em risco social a participarem de atividades educacionais, assistenciais, culturais, esportivas e de saúde. “Essas mulheres estão chegando para potencializar o que de bom já é feito na comunidade. Nos preocupamos em promover uma organização horizontal, sem impor o que elas devem fazer”, disse.

Desde fevereiro, vem sendo realizado pela Sedes um processo de mobilização de mulheres e lideranças comunitárias na capital baiana (onde devem ser selecionadas 400), e nos municípios de Camaçari, Lauro de Freitas e Simões Filho (onde serão selecionadas 100 para cada município). O saldo disso foi o cadastramento de mais de 1,5 mil mulheres interessadas. Um bom sinal para a pretensão do projeto pioneiro. Ao total, 300 já foram selecionadas pela Ong Avante, responsável pela execução do projeto. A

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