quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Mulheres Guerreira Africanas

MULHERES GUERREIRAS

“Os primeiros grupos de mulheres africanas desembarcaram na Bahia por volta de 1550. Eram de origem banto e procediam, em sua maioria, dos reinos do Congo, Dongo e Benguela. Trouxeram com seus companheiros um riquíssimo patrimônio civilizatório, transmitiram e expandiram tradições ancestrais que influenciaram, entre outros, a língua, os costumes, a alimentação, a medicina e a arte no Brasil. Introduziram métodos agrícolas aperfeiçoados, transplantaram vários produtos, que escrava Anastácia graças aos seus cuidados se aclimaram perfeitamente e foram assimilados na culinária de toda população. Com fortíssimos valores coletivos, marcaram toda a formação social brasileira.”
Esta e as outras histórias sobre a luta das mulheres na sociedade, por mais liberdade e igualdade, estão registradas no livro Dicionário Mulheres do Brasil – de 1500 até a atualidade (Jorge Zahar Editor Ltda, Rio de Janrio - 2000), organizado por Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil. São cerca de 900 verbetes e mais de 270 ilustrações.
Para marcar passagem da data - 8 de Março, Dia Internacional da Mulher - o Grupo Capoeira Santista, presta uma homenagem a todas as que lutaram e a todas que ainda lutarão para manterem sua cidadania.
Domingas Mamaluca (sécs. XVII-XVIII)
Filha de mãe índia e pai português, vivia na vila de Itu, na capitania de São Paulo. O registro da vida de Domingas chega através de um processo em que acusou o próprio irmão de escravizá-la. No ano de 1700, seu pai havia morrido e Domingas compareceu perante a justiça reivindicando sua liberdade. Afirmava que seu irmão a havia vendido para uma terceira pessoa. O caso de Domingas é um exemplo de luta da população indígena e de seus descendentes, mestiços ou não, para assegurar sua liberdade na época colonial.
Fonte: John Manuel Monteiro, Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo.
Eva Maria do Bonsucesso (séc. XIX)
No dia 16 de julho de 1811, a negra forra Eva armou, como fazia todos os dias, seu tabuleiroQuitandeiras de couves e bananas na calçada da antiga rua da Misericórdia, na cidade do Rio de Janeiro. Estava vendendo seus produtos quando uma cabra, tangida por um escravo, abocanhou um maço de couve e uma penca de bananas do tabuleiro. Eva correu atrás da cabra para reaver suas mercadorias e, com um vara, batia no animal, tentando recuperar o que restava. Foi quando apareceu José Inácio de Sousa, senhor branco que cuidava da cabra, e ficou indignado com a agressão ao animal. Correu atrás de Eva e esbofeteou-a. Ela reagiu e a questão foi parar na justiça. Trinta pessoas depuseram a favor de Eva, todas unânimes em realçar as qualidades morais da quitandeira e confirmar a agressão de Sousa. Diante das provas, o juiz ordenou a prisão de José Inácio, que meses depois conseguiu uma carta de fiança. Não se sabe o desfecho deste caso, mas o fato é que Eva conseguiu meter na cadeia o homem branco que a agredia, algo bastante raro para a época. O registro da sua vida foi obtido pelo pesquisador Nireu Cavalcanti, através do processo na justiça no qual ela foi protagonista.

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