quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Mulheres Guerreiras Famosas

Olga Benário-

Presa e levada para a prisão em Gestapo 1936

De origem Alemã, nasceu em Monique no ano de 1908. Filha de um advogado social democrata e uma dama da alta sociedade.

Olga entrou para a militância comunista aos 15 anos de idade.

O "IV Departamento do Estado-Maior do Exército Vermelho", órgão que realizava a espionagem militar nos outros países, deslocou, em 1935, vários espiões para o Brasil;
- que um desses espiões era Olga Benário, que também usava os nomes de "Frida Leuschner", "Ana Baum de Revidor",

Em 1934, foi designada para assegurar a chegada de Luiz Carlos Prestes, onde lideraria a Intentona Comunista de 1935. Olga e Prestes acabaram se apaixonando e dessa união, Olga engravidou e foi presa em 06 de março de 1936.

Sua filha Anita Prestes nasceu na prisão de Gestapo em 1936 e sua guarda tutelar foi passada para a avó (mãe de Olga).

Olga Benário, morreu em 1942, numa câmara de gás.

Elisa Sorobovsk-1936

ELISE SABOROVSKY, alemã, também conhecida pelo apelido de "Sabo", foi presa no Rio de Janeiro após a Intentona Comunista e, em 1936, deportada para a Alemanha, juntamente com OLGA BENÁRIO. Elise era mulher de Henry Berguer.

Adalgisa Cavalcanti

Presa pela primeira vez em 1936
Foi comunista a primeira deputada estadual de Pernambuco

Nascida em Canhotinho - PE, em 28 de julho de 1905, filha de pequenos criadores e proprietários de terra. Como a mãe houvesse falecido, aos 11 meses ela é adotada pelos tios, com os quais passa a residir. O tio, plantador, criador e funcionário público, anti-religioso como a esposa, era político e, conforme nos diz Adalgisa, acompanhava sempre o Governo, embora simpatizasse com a Oposição, coisa que escondia, evidentemente.

Em 1934, teve os primeiros contatos com a literatura marxista, que, conforme confessa, era para ela de difícil compreensão. Só havia feito o curso primário, mas o Partido a instara a estudar um pouco mais, e durante alguns meses ela foi ajudada nesse particular por um professor, amigo.

Perseguida por suas idéias e por seu trabalho junto ao Partido, ela foi presa pela primeira vez em 1936. Respondeu a processo, foi condenada, passou quatro meses na Colônia Penal do Bom Pastor. Ao sair dali, viveu na clandestinidade, até a legalização do Partido, com o fim do Estado Novo. Passa então a integrar o Comando do Diretório dos Comunistas em Pernambuco e se torna sua candidata preferencial.

Em junho de 1954 ela confessa ter sido presa nove vezes. Em nenhuma dessas prisões sofreu tortura ou espancamento, como acontecia com outros membros do Partido, mas somente "provocações e ofensas morais", às quais respondia à altura, como confessa. Ao todo, segundo testemunho de sua sobrinha, por vinte vezes Adalgisa sofreu a humilhação da prisão. Adalgisa que se casou em 1922, que nunca teve filhos, tornou-se deputada em 1947: teve 2.298 votos, superando assim vários candidatos de outros partidos influentes. Adalgisa Rodrigues Cavalcanti foi uma parlamentar atuante.

Ao todo, Adalgisa Cavalcanti esteve presa durante vinte períodos, segundo afirmou na sessão da Assembléia que a homenageou, no dia 15 de setembro de 1997, sua sobrinha, Luciene de Freitas Brito.

Noemia Mourão- 1936

Di Cavalcanti casa-se com a pintora Noemia Mourão e, em 1932, publica o álbum “A Realidade Brasileira” uma série de 12 desenhos satirizando o militarismo da época. Em 1936, esconde-se na ilha de Paquetá e é preso com Noemia. Em 1938 passaram a morar em Paris, porém quando retornaram ao Brasil, ocorre novamente a prisão no Rio de Janeiro.

Carmen de Alfaya- 1937

CARMEN DE ALFAYA, Argentina, casada com RODOLPHO JOSÉ GHIOLDI, após a Intentona Comunista foi presa e, durante a II Guerra Mundial, deportada para a Argentina, onde vivia em 1993.

Raquel de Queiroz

Presa em 1937

Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, Ceará, em novembro de 1910.Viveu parte de sua infância na capital do estado e parte, no interior, na fazenda dos pais. Depois da seca de 1915, que atingiu a propriedade familiar, mudou-se para o Rio de janeiro, onde ficou por pouco tempo, transferindo-se para o Belém do Pará.Ingressou no jornalismo como cronista, em 1927. Em 1930, lançou seu primeiro romance O Quinze que recebeu o primeiro prêmio, concedido pela Fundação Graça Aranha. Em 1931, veio ao Rio de Janeiro para recebê-lo, onde travou contato com o Partido Comunista Brasileiro. Nos anos seguintes, participou da ação política de esquerda, pela qual foi presa em 1937. Sem abandonar a ficção, continuou colaborando regularmente com jornais e revistas, dedicando-se à crônica jornalística, ao teatro e à tradução.

Nos anos 60, suas posições políticas ficaram cada vez mais conservadoras, a ponto de ter sido uma das poucas figuras intelectuais que apoiou indiscriminadamente o regime militar. Em 1977, rompendo velho tabu, foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.’

Eneida de Moraes

Ela esteve presa em Ilha Grande, uma das piores fases de sua vida.

O que era a prisão para mulheres militantes, simpatizantes ou companheiras de maridos, pais, noivos ou amigos envolvidos de algum modo com o PC, relata-nos Eneida de Moraes, escritora paraense, autora de Aruanda e de Cão da Madrugada.

Em Aruanda, Eneida conta como a solidariedade mantinha otimista o bando de mulheres que enchia pavilhões e celas em prisões do Brasil do Estado Novo. Apesar do espaço diminuto, demasiado quente no verão, demasiado frio no inverno, que eram obrigadas a ocupar, sempre lembrando, em meio ao silêncio e à angústia, "que a vida lá fora devia andar linda". Em turnos alternados, faziam ginásticas. Escreviam desabafos sobre as paredes. Cantavam, contavam-se histórias, falavam de suas famílias, dos filhos pequenos que haviam deixado (onde estariam eles agora, quem estaria cuidando deles?), repartiam umas com as outras o saber de que dispunham. Como uma certa Valentina, que ensinava Inglês às colegas. Como Nise Silveira, que dava lições de Psicologia, num Pavilhão das Primárias, no Rio. E Eneida escreve:

"De um lado e do outro da sala, enfileiradas, agarradas umas às outras, vinte e cinco camas. Quase presas ao teto, quatro janelas fechadas por umas tristes e negras grades. Encostada à parede, uma grande mesa com dois bancos. Ao fundo da sala, os aparelhos sanitários. Por maior que fosse nossa luta para mantê-los limpos e desinfetados, nunca conseguimos fugir do cheiro forte que exalavam”.

"Na casa de Detenção éramos sete mulheres numa cela. Resolvemos dar uma certa organização aqui, criando um sistema de vida tão disciplinado que não sentíssemos tanto a prisão (...) Tínhamos hora de estudo, de aula, de lazer, de ginástica, de cuidados com a higiene local etc. O que eu sabia ensinar ensinava: Francês, Biologia, noções de Higiene”.

"Vinte e cinco mulheres, vinte e cinco camas, vinte e cinco milhões de problemas. Havia louras, negras, mulatas, morenas; de cabelos escuros e claros; de roupas caras e trajes modestos. Datilógrafas, médicas, domésticas, advogadas, mulheres intelectuais e operárias. Algumas ficavam sempre, outras passavam dias ou meses, partiam, algumas vezes voltavam, outras nunca mais vinham”.

Os verdugos fascistas conduzem as mulheres ao local de
fuzilamento. Gestapo em Liepaja, em dezembro de 1941.

Clara Scharf- Por volta de 1950

Clara Scharf amargou sua primeira prisão política ainda nos tempos de Getúlio Vargas. Após o golpe militar de 1964, o companheiro de Clara, Carlos Marighela, foi assassinado “no auge da tortura” e ela, cassada por dez anos, passou para a clandestinidade.

Militância

Feminista desde os anos 50, Clara Scharf acha que a situação da mulher “mudou muito”. Mas lembra que "continuam a existir, infelizmente, o machismo, a discriminação e a desigualdade entre homem e mulher”. Com um riso cheio de energia que não denuncia os 78 anos de idade, comenta: “O bonito é que as mulheres nunca pararam de lutar e por isso elas mexem com o ser humano”.

Clara foi filiada ao Partido Comunista Brasileiro de 1945 a 1960 e entre os "períodos mais difíceis da vida" cita a fase final do governo Getúlio Vargas, nos anos 50. Teve a casa invadida e destruída no governo Jânio Quadros, mas o que considera "o pior" ocorreu nos chamados "anos de chumbo", que culminaram, para ela, com o assassinato do companheiro em 1969 e com os nove anos de exílio que se seguiram. “Começaram a prender, matar e torturar já na antevéspera do endurecimento da ditadura militar, por volta de 1968. Foi uma coisa infame, com todas as prisões, torturas e mortes, e ninguém podia se manifestar, só na clandestinidade", lembra Clara.

No depoimento à Rádio Nacional da Amazônia, ela também lamentou não ter sido mãe: "Não me foi possível ter uma vida familiar durante as ditaduras". Mas Clara Scharf ajudou a criar o filho do companheiro, Carlinhos Marighela, "que está vivo e cujos filhos eu considero meus netos". Na opinião da feminista, "tudo o que você faz em defesa do ser humano, é vida; a paz é vida, desde que esta paz defenda a saúde, a liberdade, a terra e os direitos humanos: tudo que afeta a vida tem a ver com a segurança humana”.

Fonte Parcial:- Radiobras -05/07/2004

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